Nasceu em Lisboa em 1950.
Vive e trabalha em Milão.
Entre 1950 e 1967 viveu no Porto onde passou fugazmente pelo Curso de Pintura da Escola de Belas-Artes. Em 1967/68 viveu em Paris e desde 1968 até hoje em Milão, salvo uma passagem por Lisboa entre 1979 e início de 1981.
José Barrias usa materiais e técnicas mistas, trabalha por ciclos abertos, utilizando desenho, fotografia, pintura ou a escultura, segundo uma lógica de instalações, referenciando temas literários, de memória pessoal e cultural colectiva, onde a escrita toma um valor visual.
Desde 1971 a sua obra começa a configurar-se de certo modo como uma metáfora de um trajecto cinematográfico composto de curtas e médias metragens encadeadas entre si com episódios focalizados no horizonte de uma longa metragem.
Na Ilha da Madeira está representada na Colecção do Museu de Arte Contemporânea do Funchal-Fortaleza de São Tiago e em colecções particulares.
Escrevendo um curriculum
O que é preciso?
É preciso escrever um requerimento
e ao requerimento anexar o currículo.
Independentemente do tempo de vida,
o currículo deve ser breve.
É obrigatório ser conciso e seleccionar os factos.
Converter as paisagens em moradas
e as lembranças vagas em datas concretas.
De todos os amores basta o conjugal,
e dos filhos, apenas os que nasceram.
Importa mais quem te conhece do quem tu conheces.
Viagens, somente ao estrangeiro.
Militante de algo mas sem dizer por quê.
Condecorações sem motivo.
Escreve como se jamais tivesses falado contigo
e te evitasses à distância.
Passa em silêncio os cães, os gatos e os pássaros,
as bugigangas sentimentais, os amigos e os sonhos.
Importa mais o preço do que o valor
e o título mais do que o conteúdo.
Importa mais o número do sapato do que aonde ele vai,
e aquele por quem te tomam.
Junta uma fotografia com a orelha descoberta.
É a sua forma que conta, e não o que ouve.
O que ouve ela?
O estrépito das máquinas que trituram o papel.
Wislawa Szymborska in Wiersze wybrane
Tradução de Teresa Fernandes Swiatkiewicz a partir da versão polaca
José Barrias, in Itinere, Catálogo de Serralves, 2011, pg. 157
CICLOS | CYCLES
O ciclo "Obstbuch / O Livro dos Frutos" situa-se entre 1972/73 e marca a descoberta das características que em seguida se viriam a revelar estruturais do seu trabalho: a cadência cíclica, a consciência da obra como legado de histórias anteriores, a adição de fragmentos dentro de um sistema narrativo polissémico, interactivo e em movimento.
1973-86 "Quase Romance"
1978-87 "Os Embaixadores"
1979 "Barragem"
1980 "Passages"
1984 "Noitário"
desde 1987 "Vestígios"
desde1990 "Tempo"
1992-95 "Nostos / o regresso"
desde 1994 "Nostalgia de Passagem"
desde 1995 "Camera Picta"
EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS | SOLO EXHIBITIONS (Selecção | Selection)
1990 "Vestígios", Galeria EMI Valentim de Carvalho
1992 "Um quarto de Página do Ciclo Camera Scripta", Camera Picta, Casa Fernando Pessoa
1996 "Exposição antológica no CAM-JAP", Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.
1997 "Coincidências", Porta 33, Funchal, Madeira, Portugal, seguida de conferência com José Gil sobre o seu trabalho
2011 "in Itinere", Fundação de Serralves, Porto
EXPOSIÇÕES COLECTIVAS | GROUP EXHIBITIONS (Selecção | Selection)
1980 Participa na Bienal de Paris
1984 Representante de Portugal na Bienal de Veneza
1994 "Auto-retrato em O Rosto da Máscara", Centro Cultural de Belém
"Anatomia do Horizonte, 1911-1999 O ensino Médico em Portugal", Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa
1997 Exposição colectiva, "% LOVE—Parte I", Porta 33, Funchal, Madeira, Portugal
1998 Exposição colectiva, "% LOVE—Parte II", Porta 33, Funchal, Madeira, Portugal