COLECTIVO LAGOA

(Clara Bevilaqua e Mariana Lemos)

Ateliers de Movimento e Percepção
Residência Tesouros, Tralhas e Sombras

Colectivo Lagoa é um grupo de artistas transdisciplinar que cria e acompanha espetáculos, formações e projetos artísticos de proximidade. Com uma produção e criação que privilegia o encontro intergeracional, tecemos relações de forma contínua, nutrindo espaços afetivos de atravessamentos artísticos. Desde 2017, atuamos no surgimento de redes de cooperação e fortalecemos ligações entre as pessoas que conhecemos, as comunidades que vamos encontrando e as instituições que se tornam nossas parceiras. Motivados pela filosofia desenvolvida no c.e.m - centro em movimento, este coletivo segue lado-a-lado, acreditando que através da arte é possível produzir conhecimento e partilhá-lo.

A Madeira é um corpo enrugado onde podemos descansar nas dobras.

Num domingo ensolarado, no dia primeiro de novembro de 2020, aterramos no Funchal, vindas de Lisboa. Em pleno cenário de pandemia que assolou o mundo fomos Coalescer: tratar das feridas, curar o corpo e o espírito, à convite da artista Ana Mira Fonseca, que sonhou este projeto com muito afinco e entusiasmo. Neste dia fomos recebidas por dois mestres do encontro: a Cecília (Vieira de Freitas ) e o Maurício (Pestana Reis).

… Trinta anos nos separam daquele momento… Trinta anos depois de terem aberto a Porta 33 da Rua do Quebra Costas, no coração do Funchal. Que trabalho, tanto caminho feito! A sensação de estarmos “atrasadas” no tempo cronológico da vida ia sendo transformada com o passar dos dias e das horas ao lado das pessoas que fazem com que a Porta 33 seja um lugar onde a arte acontece em consonância com a vida. A Cecília e o Maurício carregam vida, histórias, em cada passeio, em cada pôr-do-sol compartilhado. São tantas as camadas de relação e de presença. A Catarina Claro, o Helder Folgado e a Carolina Vieira, são os talentosos artistas que integram a equipa da casa e completam o coração deste lugar. Os dias iam passando, os grupos, os estudantes e os colaboradores que por ali se demoram semanalmente, foram nos preenchendo com muita alegria.

A experiência de residir artisticamente neste ambiente é única, singular e transformadora. Todos os momentos desta semana que ali passamos fizeram-nos sentir que a vida e a arte valem sobretudo pelos bons encontros que podem ser vividos… Talvez neste sentido, esta pandemia tenha sido generosa connosco… deu-nos tempo, o tempo de estar e a possibilidade de fazer-acontecer, inventar, desafiar, reinventar: oficinas, criações, por dentro do Atelier Gatafunhos, com os seus muitos grupos de trabalho da “maior professora do mundo”, a Luísa Spínola (a vontade era de voltar a ser criança e descobrir o desenho ao lado dela).

Apresentamos quatro pequenos vídeos, feitos por nós todos em equipa. São documentos, rastos, gestos do que ali aconteceu e que têm o desejo de viver em nós para sempre…

Clara Bevilaqua e Mariana Lemos - Coletivo Lagoa
Lisboa, dezembro de 2020

Aqui Acolá

Performance no jardim para famílias com crianças dos 3 aos 6 anos
07/11/20 | 10:00 às 10:45
Lotação máxima: 7 crianças + 1 acompanhante por criança
Jardim do Museu Quinta das Cruzes
Gratuito mediante inscrição prévia

Inscrições e informações: inscricoes@porta33.com

Atividades com os grupos de continuidade do Atelier Gatafunhos

Jardim da PORTA33
O livro dos meus tesouros
03/11/20 e 04/11/20 | 18:00 às 19:30

Jardim do Museu Quinta das Cruzes
A dança acontece quando as sombras podem voar
07/11/20 | 11:30 às 13:00 e 15:00 às 16:30

Mariana Lemos é artista da dança, bailarina, professora e produtora cultural. Tem experiência de trabalho regular entre Brasil e Portugal há 15 anos. Licenciada em dança pela UNICAMP/BR, Mestre em pedagogia do ensino da dança pela ESD/LX. foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian entre 2013/15, onde frequentou o curso de Comunicação das artes do Corpo/PUC/Brasil, sob orientação de Christine Greiner. Integra a equipa de fundo do cem-centro em movimento desde 2004 e, acompanhada por Sofia Neuparth, desenvolve a sua própria linguagem, projetos e criações. Em Portugal já colaborou com criadores como Luís Castro/Karnart e Madalena Vitorino. Recentemente foi artista convidada pela EGEAC/Museu da Marioneta para integrar o projeto de escolas criativas (Descola) junto da Escola Artística António Arroio. Em 2018 fez parte do corpo docente do curso internacional "Performance as Counter-Choreography and Situated Inscription", organizado pelo Laboratório de Crítica da Universidade Federal de Rio de Janeiro/Brasil (UFRJ) como membro do Hemispheric Institute, da NYU - New York University, no Museu do Mar. Com Lysandra Domingues produz e cria projetos de arte comunitária e de serviço educativo, como o projeto piloto intergeracional TOCA, do c.e.m (financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian). Em 2016 nasce o Coletivo Lagoa, que investe nas criações voltadas à formação e ao trabalho com famílias e escolas. Destaca a criação coletiva MUTIRÃO (co-produção Culturgest e apoio GDA) e mais recentemente JUNTO, um espetáculo para bebés e famílias (co-produção do Teatro da Trindade e apoio da GDA) que encontra-se em digressão por Portugal e no Brasil. No desenvolvimento da sua pesquisa transdisciplinar no c.e.m, cria a plataforma: O que pode a escuta, uma prática de pesquisa e criação de possíveis relações entre som e movimento, que toma a forma de encontros criados entre músicas e danças, bailarinos, músicos, poetas. Atualmente encontra-se em fase de criação e desenvolvimento deste trabalho que tem o corpo como caminho e o som e o movimento como espaço de eleição do fazer-acontecer.

Clara Bevilaqua é artista-educadora. bailarina, atriz, professora de dança e teatro, designer auto didata e apaixonada pela criação de imagens. Licenciada em Teatro pela Universidade Federal de Uberlândia (Brasil). Foi bolseira no programa PIBID de iniciação à docência durante 3 anos, em que se dedicou a pesquisar a infância, teatro e escola. Iniciou sua formação em dança na escola Uai Q Dança (Uberlândia-Brasil), onde foi também, durante 11 anos, professora, coreógrafa e bailarina da CIA Uai Q Dança. Durante 5 anos integrou a equipa de produção do Olhares sobre o Corpo, encontro de arte contemporânea, coordenado por Wagner Schwartz e Fernanda Bevilaqua. Dedicou-se aos estudos de Eutonia com Fernanda Bevilaqua, artista fundamental no despertar da paixão pela dança, movimento, corpo e educação. Participou no programa de Mobilidade Internacional no curso de Dança da Faculdade de Motricidade Humana (FMH/Lisboa). Iniciou seus estudos e investigação no c.e.m - centro em movimento em Lisboa, na formação "Corpo Zero" e estágio em estudos do corpo, dança e movimento. Participou do programa de investigação “Risco da dança” e desde então, integra a equipa do c.e.m, nomeadamente no trabalho com a comunidade, com o Corpo na Creche da Encosta do Castelo. Integra o Coletivo Lagoa na criação de projetos e formação artística voltadas às famílias e escolas. Cria em parceria com Guilherme Calegari, a Baileia, onde estudam, investigam e criam trabalhos dedicado às infâncias e famílias. É responsável pela criação do design gráfico destas duas estruturas.
Dos últimos processos criativos, destaca-se a atuação como bailarina-criadora do “Conversas de Corpo”, com direção de Fernanda Bevilaqua, que teve digressão no Brasil pela Uai Q Dança Cia e em Portugal com produção do Coletivo Lagoa e orientação de Mariana Lemos. Criação e confecção dos figurinos da Incrível Banda de Monstros e Outros Bichos. Bailarina-criadora do espetáculo-instalação “JUNTO” co-produzido pelo Teatro da Trindade - Fundação INATEL, apoiado pela Fundação GDA, uma criação do Coletivo Lagoa, encenado por Mariana Lemos. Trabalha, em continuidade, com Guilherme Calegari e com apoio e colaboração da bailarina e criadora Mariana Lemos. Como artista-educadora, dedica-se aos estudos do corpo no encontro com pessoas nos seus primeiros anos de vida, investigando a construção da autonomia no corpo de cada uma|um.