ESTE SER QUE CAMINHA

Catarina Rosendo e Emília Pinto de Almeida

CONVERSA
25 de Fev — 18h
Entrada Livre

PODCAST

Esta conversa vem no seguimento do projecto Coalescer, ciclo de oficinas ligadas ao desenho, dança e filosofia que, com a curadoria de Ana Mira e a participação de um vasto colectivo de pessoas de diversas áreas artísticas e científicas, aqui tiveram lugar entre 2020 e 2022. Parte concretamente da última oficina do ciclo, “Este ser que caminha”, que se centrou na obra e no pensamento de Alberto Carneiro e coincidiu com a inauguração da exposição que agora se encerra, revisitando a passagem do artista pela PORTA33 há já vinte anos.
Catarina Rosendo e Emília Pinto de Almeida irão abordar algumas ideias presentes na obra visual e escrita de Alberto Carneiro que constituem, também, tópicos transversais às práticas artísticas contemporâneas, nomeadamente a relação do corpo com o espaço e a experiência dos gestos enquanto desenho e rasto da memória, tendo em conta as investigações desenvolvidas pelo artista em torno das imagens da arte, da dimensão estética da cultura rural e da acção pedagógica e formativa em contextos universitários e artísticos.


Alberto Carneiro (Coronado, 1937 – Porto, 2017) foi um importante escultor e um dos mais premiados artistas da sua geração. Estudou Escultura na Escola Superior de Belas Artes do Porto e na Saint Martin’s School of Art (Londres), depois de ter trabalhado durante onze anos nas oficinas de santeiro do Coronado. O seu trabalho foi de grande relevância na actualização da escultura portuguesa e na sua emancipação da estatuária ilustrativa cara ao gosto oficial do regime totalitário português (1926-1974) em direcção aos vários questionamentos conceptuais, performativos e experimentais que caracterizam a arte internacional dos anos 1960 em diante. A escultura, a instalação, a fotografia e o desenho foram os meios usados para explorar um universo temático e visual assente na relação do corpo com os elementos naturais, resultando numa obra fortemente autoral caracterizada por uma indagação filosófica sobre a paisagem, a natureza e os modos de relação dos humanos com o mundo. O seu percurso pedagógico influenciou várias gerações de artistas e arquitetos. Lecionou no Curso de Escultura da ESBAP (1971-1976), no Curso de Arquitetura da FAUP (1970-1999) e foi responsável pela orientação pedagógica e artística do Círculo de Artes Plásticas, Organismo Autónomo da Universidade de Coimbra (1972-1985). Entre as distinções que lhe foram atribuídas incluem-se o Prémio Nacional de Escultura (1968), o Prémio Nacional de Artes Plásticas (1985) e as Comendas de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (1994). Criou o Museu Internacional de Escultura Contemporânea em Santo Tirso e o Parque Internacional de Escultura Contemporânea na Vila de Carrazeda de Ansiães (2002-2009). Das suas exposições retrospetivas destacam-se: Centro de Arte Contemporânea de Bragança (2012); Fundação Beulas, Huesca (2006); Museu de Arte Contemporânea do Funchal (2003); Centro Galego de Arte Contemporânea, Santiago de Compostela (2001); Fundação de Serralves, Porto (1991); Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa (1991); CAC do Museu Soares dos Reis, Porto (1976). Representou Portugal nas Bienais de Paris (1969), de Veneza (1976) e de São Paulo (1977). Realizou esculturas públicas em Portugal, Eslovénia, Inglaterra, Irlanda, Coreia do Sul, Equador, Ilha Formosa (Taiwan), Andorra, Espanha e Chile. As suas obras integram importantes coleções públicas nacionais tais como: Fundação de Serralves; Fundação Calouste Gulbenkian; MNAC – Museu do Chiado; Coleção Berardo; Caixa Geral de Depósitos – Fundação Culturgest; Coleção de Arte Contemporânea do Estado; e Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea. Das várias coleções no estrangeiro destacam-se: Museo Vostell Malpartida (Malpartida de Cáceres, Espanha); Centro Galego de Arte Contemporánea (Santiago de Compostela, Espanha); e Frederick R. Weisman Art Foundation (Los Angeles, EUA).

Catarina Rosendo (Lisboa, 1972)

Historiadora da arte. Trabalha no âmbito da arte contemporânea, através de projectos curatoriais, edições, inventariação e organização de arquivos artísticos, cinema documental, participação em júris e em comissões consultivas, realização de conferências, entre outros. Doutorada em História da Arte – Teoria da Arte em 2015 pela Universidade NOVA de Lisboa, mediante bolsa de doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Investigadora do IHA – Instituto de História da Arte, Universidade NOVA de Lisboa. Professora Auxiliar Convidada na Universidade de Coimbra, desde 2018. Colaboradora, entre 2014-2017, da Fundação de Serralves (Porto) em projectos de investigação curatorial para a Colecção do Museu de Arte Contemporânea de Serralves. Integrou, entre 1995-2006, o Serviço de Exposições da Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea (Almada), onde desenvolveu projectos de investigação e colaborou e/ou foi responsável pela coordenação de exposições e respectivos catálogos. Co-autora do filme documentário sobre o escultor Alberto Carneiro, “Dificilmente o que habita perto da origem abandona o lugar” (2008, produção Laranja Azul). Autora de livros e catálogos de exposição e de ensaios para catálogos de exposição, actas de congressos e imprensa. Prémio José de Figueiredo [ex-aequo], atribuído pela Academia Nacional de Belas Artes, 2008, ao livro “Alberto Carneiro, os primeiros anos, 1963-1975” (2007). Membro da Associação Portuguesa dos Historiadores da Arte, da Associação Internacional de Críticos de Arte Portugal e da International Association of the Word and Image Studies.

Emília Pinto de Almeida é licenciada em Estudos Portugueses e mestre em Filosofia (Estética) pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Tendo beneficiado de uma Bolsa de Investigação da Fundação para a Ciência e Tecnologia, actualmente finaliza em História da Arte (Teoria da Arte), na mesma instituição, um doutoramento sobre a obra – poética, plástica, crítica – de Mário Cesariny. Na FCSH, integrou o entretanto já extinto ELAB - Laboratório de Estudos Literários Avançados e integra o Instituto de História da Arte, no âmbito dos quais co-organizou e leccionou vários cursos de verão. Co-organizou, também, os seminários Estética e Política entre as Artes, cuja última edição teve lugar na Culturgest, em 2014. Desde 2008, publicou vários ensaios sobre literatura e, a convite de Ângelo de Sousa, Alberto Carneiro, Francisca Couceiro da Costa, Maria João Pacheco, Carolina Silva ou Joana Rêgo, prefaciou os catálogos de algumas exposições. Teve uma breve experiência docente na Universidade Lusófona do Porto, entre 2009 e 2011.

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