MANUEL ROSA
ESCULTURA
PORTA33 — 27.09.1996 — 15.11.1996

Esta nova exposição de Manuel Rosa acentua e prossegue a anterior busca e potencialização estética das matérias e materiais de grande carga simbólica. Referimo-nos, por exemplo, à utilização do sal, do carvão, do vidro ou de pedras encontradas, em exposições como a das II Jornadas de Arte Contemporânea na Alfândega do Porto, a da Galeria Pedro Oliveira ou a da Bienal das Caldas da Rainha em 1995.
Agora, na Porta 33, esta pesquisa é sublevada a uma maior clarificação de intenções e a um maior aperfeiçoamento dos anteriores enunciados.
À areia de fundição virgem e dourada contrapõe areia escurecida, adulterada pela sua utilização na modelação de metais fundidos. Sobre ela actua então directamente o artista, recuperando a sua importância marginal, mas necessária, no processo escultórico.
Inscreve um conjunto de gestos e de sinais que ao mesmo tempo recordam a precária escrita dos Dogons. A precaridade, imponderabilidade e a busca de uma expressão para o silêncio, prolongam-se à complementar exposição de um conjunto de peças em ferro, afixadas à parede e evocando situações e objectos familiares. Destas peças, de delicado recorte, o escultor promove e reforça a respectiva sombra propondo de novo a imaterialidade de sinais por onde, na verdade, passa a alma desta exposição.
À luz quer Manuel Rosa retirar a sombra. À areia, parece desejar realçar a discreta e fugaz utilidade enquanto potência e sombra da obra de arte escultórica. Trata-se ainda, noutra sala, de areia exposta em carrinhos de mão assumindo assim a sua transitoriedade e sobre ela as marcas de ténues alto-relevos.
Resulta assim desta exposição uma espécie de Alma que se demora pouco nos significantes visíveis. Ela transita e transmuta-se na diversificada exemplificação da busca platónica da beleza pura. A delicadeza e a harmonia revelam a sua absoluta inquietação e, parecendo mostrar-se pouco, muito nos sugerem da sua complexa alquimia. Como no emblemático poema de Cesariny:

Ouro trigo leão e prata e crina
Separarás primeiro a água e a mina
porque a Água é um mineral.
No coágulo te espera areia fina
e sob a areia planta sideral
que o manto do Rei Verde se combina
porque a Planta não é vegetal.

Manuel Hermínio Monteiro, Setembro de 1996

Manuel Rosa
curriculum

1953 Nasce em Beja
1978 Licenciatura em Artes Plásticas (Escultura), Escola Superior de Belas Artes de Lisboa

Exposições individuais

2004 - Escultura, Escola António Arroio, Lisboa

2000 - Inverno, Post It / Galeria Pedro Oliveira, Porto

1998/99 - Escultura, Biblioteca Municipal Calouste Gulbenkian, Ponte de Sôr
          - Escultura, Claustros do Convento da Conceição, Beja
1998 - Escultura, Galeria Pedro Oliveira, Porto

1996 - Escultura, Galeria J.M. Gomes Alves, Guimarães
          - Escultura, Galeria Porta 33, Funchal

1994 - Escultura, Galeria Pedro Oliveira, Porto

1987 - Escultura, Módulo / Centro Difusor de Arte, Porto

1986 - Escultura, Módulo / Centro Difusor de Arte, Lisboa

1984 - Escultura, Módulo / Centro Difusor de Arte, Lisboa


Exposições colectivas

2001 - Al Quimias (Al Berto – As imagens como desejo de poesia), Centro Cultural Emmerico Nunes, Sines

1998 - Cinco Esculturas em Pedra Natural, Cevalor, Expo’98, Lisboa
          - A Figura Humana na Escultura Portuguesa do Séc. XX, Alfândega do Porto, Porto
          - Arte Portuguesa dos Anos 80 na Colecção da Fundação de Serralves, Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso, Amarante
          - Arte Portuguesa dos Anos 80 na Colecção da Fundação de Serralves, Sociedade Martins Sarmento, Guimarães

1997/98 - Anatomias Contemporâneas, Fundição de Oeiras, Oeiras

1997 - Margens / Arte Portuguesa Contemporânea, Auditório Minicipal de Vila do Conde, Vila do Conde

1996 - 2ª Bienal de Arte AIP’96, Europarque, Porto

1995 - Peninsulares, Galeria Fúcares, Madrid
          - MEIAC, Badajoz
          - I Encontro de Escultura Iberica Actual, Lugo
          - VI Bienal Internacional de Escultura e Desenho das Caldas da Rainha, Caldas da Rainha

1993 - V Bienal Internacional de Escultura e Desenho das Caldas da Rainha, Caldas da Rainha
          - Coincidências / Jornadas de Arte Contemporânea, Alfândega do Porto, Porto

1992 - Portugal, Piedra y Escultores, Sevilla
          - Fundação de Serralves / Um Museu Português, Pavilhão das Artes, Exposição Universal de Sevilha, Sevilla
          - Lusitania / Cultura Portuguesa Actual, Circulo de Bellas Artes, Madrid

1991 - A Secreta Vida das Imagens, Galeria Atlântica, Lisboa e Porto
          - Semana da Europa, SNBA, Lisboa
          - I Simpósio Internacional de Escultura de Santo Tirso, Santo Tirso
          - Há um Minuto do Mundo que Passa / Obras na Colecção da Fundação de Serralves, Fundação de Serralves, Porto

1990 - Homenagem a João Cutileiro, CAM, Lisboa
          - À Espera dos Bárbaros, Galeria Pedro e o Lobo, Lisboa
          - Créacité, Tours

1989 - La Pietra nella scultura portoghese attuale, Bologna
          - Pintura e Escultura do Património da Caixa Geral de Depósitos, Ministério das Finanças, Lisboa;
          - Fundação de Serralves / Museu de Arte Moderna, Porto
          - Euroarte / Encontro Europeu de Arte, Palácio dos Duques de Bragança, Guimarães
          - A Escultura Habita esta Casa, Centro de Arte de S. João da Madeira
          - XX Bienal de S. Paulo

1988 - Diálogo com Soares dos Reis, Museu Soares dos Reis, Porto
          - Lisbonne Aujourd’hui, Museu de Toulon, Toulon
          - Prémio Jovem Escultura Unicer, Fundação de Serralves / Museu de Arte Moderna, Porto
          - Prémio Jovem Escultura Unicer, Museu Municipal Santos Rocha, Figueira da Foz

1987 - Aquisições Recentes, Galeria Almada Negreiros (SEC), Lisboa
          - Grupo de Évora + 3, Pousada Rainha Santa Isabel, Estremoz
          - Litoral, SNBA, Lisboa
          - Aquisições Recentes, Fundação de Serralves / Museu de Arte Moderna, Porto
          - Exposição Nacional de Arte Moderna / Amadeo Sousa Cardoso, Fundação de Serralves / Museu de Arte           - Moderna, Porto
          - Diálogo com Soares dos Reis, SNBA, Lisboa

1985 - Litoral, Coruña
          - Bienal de Vila Nova de Cerveira (prémio de aquisição)
          - Bienal de Pontevedra
          - Bienal de Zamora
          - Escultura no Palácio de Belém, Lisboa
          - Arte Portuguesa Anos 80, Espaço Poligrupo-Renascença, Lisboa

1982 - Nova Escultura em Pedra, Centro Cultural de S. Lourenço, Almansil; Galeria Quadrum, Lisboa;
          - Museu do Mosteiro da Batalha; Cooperativa Árvore, Porto; Casa de Mateus, Vila Real; Museu de Évora

1981 - Simpósio Internacional de Escultura em Pedra, Évora
          - Omaggio a Giulietta / Simpósio de Escultura em Pedra, Verona

APOIOS


GOVERNO DA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA
CÂMARA MUNICIPAL DO FUNCHAL
METALÚRGICA JOÃO DE FREITAS SUCESSORES, LDA.
HOTEL EDEN
HOTEL SAVOY
HOTEL MONTE CARLO
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