Catarina Oliveira
2ª Residência — Escola do Porto Santo — 6 a 12 de Março 2023
HISTÓRIAS DO MAR
Workshop com Catarina Oliveira
Neste workshop dedicado ao público infantil começaremos por passear e brincar junto ao mar para observar e imaginar a vida marinha e costeira– seja ela animal, vegetal ou mineral. Vamos reparar nas especificidades de diferentes seres e perceber a sua inteligência e beleza. Tomando como ponto de partida este passeio de observação costeira, vamos também explorar diferentes formas de narrativa e criar histórias em redor de personagens fictícias baseadas em seres marinhos. A ideia por detrás deste exercício é ligar as crianças à vida marinha e costeira, relembrar que tudo na natureza é vida, tal como elas que elas também são parte da natureza, que a natureza não é algo separado de nós — e que todas estas vidas devem ser respeitadas. Vimemos numa sociedade em que se perpetua a ideia que tudo é consumo, incluindo a praia e o oceano; consumo de banhos, de apanhar sol, comida, matérias primas para construção, cosmética, etc... A ideia do workshop é celebrar a praia como lugar de vida, ajudar as crianças a crescerem fora de uma realidade de consumo e extrativismo.
Catarina de Oliveira vive e trabalha em Lisboa. Em 2009, completou a licenciatura
em Artes Plásticas
da Goldsmiths College (UK), e em 2012 o mestrado em Artes Plásticas do Piet Zwart Institute (NL).
Esteve recentemente em residência na Gasworks, em Londres com o apoio da Fundação Calouste
Gulbenkian. Foi também artista em residência na Triangle France (FR), no Watermill Center (EUA) e na
Kunsthuis SYB (NL), entre outras. Das exposições a solo e duo recentes, destacam-se “A Devorar o
Contíguo” na Quadrum (PT), e “Né” no TANK Art Space (FR). Mostras colectivas recentes incluem
“Extática Esfinge no CIAJG (PT), “ Terra Nubilus” na Aachen Kunstverein (NL), “Performance Day #2:
Le Musée Permormé” em La Ferme du Buisson (FR).
O trabalho de Catarina de Oliveira nasce do seu interesse na forma como as histórias e imagens nos
confrontam com a vida, e retratam o mundo com mais verdade do que a nossa apreensão da realidade.
Elas capturam o visível e o invisível, cristalizando-os numa verdade eterna, independente de
flutuações, alterações e falsas mudanças que criam máscaras e véus. Tal como um cristal, uma obra de
arte está sujeita à erosão, mas isso não significa que a verdade se dilua na mudança. Através de
contos, pinturas em tecidos e outras experiências plásticas, a obra de Catarina de Oliveira torna
visível e audível o que de outra forma não seria visto nem ouvido, poéticamente revelando como a
vida humana está entrelaçada por fios invisíveis à não-humana, à mítica e às entidades elementais.
Olhando para a natureza não como uma fonte de recursos a serem consumidos, a artista reconhece que a
natureza não é algo separado dos humanos e despido de espírito, e cria com o seu trabalho, formas e
composições que abraçam temporalidades, ontologias, epistemologias e cosmologias que existam fora de
modos de viver e pensar colonialistas, capitalistas, normativos, falocêntricos ou tirânicos. O
trabalho de Catarina de Oliveira celebra os diferentes planos da vida e reconhece a agência e
inteligência de todos os seres e não seres, sejam estes rochas, fantasmas, rios, estrelas, plantas
ou animais.
As personagens presentes no seu trabalho são (fantasmas de) animais e plantas — não são nem
metáforas nem personificações de humanos —, a artista retrata-os respeitando a inteligência,
sensibilidade e corporalidade especificas a cada um. Eles ganham vida através de um diálogo contínuo
entre eles, a artista e a matéria que sustém o trabalho.