COALESCER, seminário de dança e filosofia, iniciado em 2020, termina neste mês de Setembro. Desenvolvido a partir do trabalho relacional em torno do desenho, aqui compreendido na sua ressonância com a dança e a filosofia, interrogou ao longo deste tempo, ora pela palavra, ora pelo movimento, a relação entre corpo e espaço. Reuniu na PORTA33 crianças, jovens e adultos que trabalharam na companhia de um conjunto de artistas, filósofos, investigadores e professores. Enquanto, corpo inteiro em escuta, abriu clareiras, atravessou inúmeros percalços, pandemias, guerras, instabilidades e violências várias, que ameaçam fechar todo os caminhos.

Durante a semana de encerramento de COALESCER, entre 12 a 17 de Setembro, Ana Mira e Emília Pinto de Almeida orientam uma série de encontros, reativando no tempo cronológico da vida, as camadas de relação e de presença numa reflexão relacional sobre o tempo de estar e a possibilidade de fazer-acontecer, inventar, desafiar, e reinventar o que tem o desejo de viver em nós para sempre.

No âmbito de COALESCER e para o seu encerramento a PORTA33 promove uma conferência-encontro para o que se convida todos os participantes do projecto a estarem presentes. Assim como todas as pessoas interessadas nas matérias do aprender pelo acto de desenhar, de dançar e de pensar filosoficamente no contexto da constelação de experiências que o projecto proporcionou.

Marcada para sexta-feira dia 16 de Setembro, às 18h30, na PORTA33, a conferência-encontro será orientada por Ana Mira e Emília Pinto de Almeida, sob o título “COALESCER — Memória de uma constelação”. Em prol de um gesto singular e livre, cujo espaço preservámos no meio da “avalanche” destes últimos três anos, nesta conferência-encontro procuramos reflectir sobre problemas da percepção, da gravidade como peso-leveza, da duração das sensações e da imagem, da linguagem verbal vinda de práticas incorporadas, do caminhar do pensamento filosófico, da força da tradução entre a arte e a filosofia, do sensível e do inteligível na estética, da horizontalidade do colectivo, da temporalidade do encontro, do possível do mundo.

Antecedendo a conferência, no mesmo dia, 16 de Setembro, na PORTA33, às 18h, inauguraremos a exposição-instalação de desenhos de Raimundo Gomes (1981-2018) intitulada Quando caminhares, em cada passo, pensa na pedra que não voltas a pisar. No universo do autor, que atravessava a arquitectura, o desenho, a dança e a filosofia, a relação entre o corpo e o espaço desempenhava um papel preponderante: como se do corpo de um bailarino se tratasse, era no espaço de um lugar percorrido pela dança que a obra arquitectónica era projectada. Nestes desenhos, para além das formas e volumes do corpo, o autor procurava o silêncio e o branco nos espaços vazios como o lugar de origem onde o desenho é esculpido pelo lápis no papel e como o espaço que convida o observador a adentrar. Para além desta mostra, será publicado no arquivo digital do projecto Coalescer, no site da Porta33, um texto de Maria Filomena Molder com um olhar, mais vasto, sobre o trabalho de Raimundo Gomes.

Durante a semana de encerramento de COALESCER, entre 12 a 17 de Setembro, Ana Mira e Emília Pinto de Almeida orientam uma série de oficinas destinadas aos diversos grupos etários (crianças, jovens e adultos) e abordam conceitos como experiência, caminho, escala, matéria, energia, criação. Intituladas este ser que caminha, as oficinas retomam a voz de Alberto Carneiro em torno da exposição Os caminhos da água e do corpo sobre a terra, que teve lugar na PORTA33, em Março de 2003.

  • ANA MIRA e EMÍLIA PINTO DE ALMEIDA
    este ser que caminha

    COALESCER — Laboratório de dança e filosofia
    palavra | movimento | desenho

    imagens
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  • COALESCER
    Quando caminhares, em cada passo, pensa na pedra que não voltas a pisar

    RAIMUNDO GOMES (1981-2018)
    Desenho/Instalação
    16 SETEMBRO [sexta-feira] — 18h

    Entrada Livre
    imagens
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  • COALESCER — Memória de uma constelação
    Conferência-encontro com Ana Mira e Emília Pinto de Almeida
    16 SETEMBRO [sexta-feira] — 18h30

    para o que se convida todos os participantes do projecto a estarem presentes.
    Assim como todas as pessoas interessadas nas matérias do aprender pelo acto de
    desenhar, de dançar e de pensar filosoficamente no contexto da constelação de
    experiências que o projecto proporcionou

    Entrada Livre
  • ESTE SER QUE CAMINHA
    Conversa Catarina Rosendo e Emília Pinto de Almeida
    25 Fevereiro de 2023 — 18h

    Esta conversa vem no seguimento do projecto Coalescer, ciclo de oficinas ligadas ao desenho, dança e filosofia que, com a curadoria de Ana Mira e a participação de um vasto colectivo de pessoas de diversas áreas artísticas e científicas, aqui tiveram lugar entre 2020 e 2022. Parte concretamente da última oficina do ciclo, “Este ser que caminha”, que se centrou na obra e no pensamento de Alberto Carneiro e coincidiu com a inauguração da exposição que agora se encerra, revisitando a passagem do artista pela PORTA33 há já vinte anos.
    Catarina Rosendo e Emília Pinto de Almeida irão abordar algumas ideias presentes na obra visual e escrita de Alberto Carneiro que constituem, também, tópicos transversais às práticas artísticas contemporâneas, nomeadamente a relação do corpo com o espaço e a experiência dos gestos enquanto desenho e rasto da memória, tendo em conta as investigações desenvolvidas pelo artista em torno das imagens da arte, da dimensão estética da cultura rural e da acção pedagógica e formativa em contextos universitários e artísticos.



    Entrada Livre
Ana Mira é professora de movimento na Escola Superior de Teatro e Cinema - Instituto Politécnico de Lisboa e de estética no Ar.Co - Centro de Arte e Comunicação Visual. Estudou práticas somáticas e dança contemporânea no c.e.m. - centro em movimento, Fórum Dança e outros centros independentes na Europa e Estados Unidos. Completou o seu doutoramento em Filosofia /Estética, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas - Universidade NOVA de Lisboa (2014) sob orientação do filósofo José Gil, como investigadora visitante no Center for Research in Modern European Philosophy - Kingston University e bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Colabora com o grupo de investigação Estética e Filosofia da Arte do Culturelab no Instituto de Filosofia da Nova e com centros artísticos como a Porta33. Na performance de dança, destaca a sua colaboração com os coreógrafos Pauline de Groot, Russell Dumas e Rosemary Butcher e a sua adaptação do solo “At Once” (SPCP/2009), de Deborah Hay. Tem participado em conferências e publicado os seus ensaios de dança e filosofia internacionalmente.

Emília Pinto de Almeida é licenciada em Estudos Portugueses e mestre em Filosofia (Estética) pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Tendo beneficiado de uma Bolsa de Investigação da Fundação para a Ciência e Tecnologia, actualmente finaliza em História da Arte (Teoria da Arte), na mesma instituição, um doutoramento sobre a obra – poética, plástica, crítica – de Mário Cesariny. Na FCSH, integrou o entretanto já extinto ELAB - Laboratório de Estudos Literários Avançados e integra o Instituto de História da Arte, no âmbito dos quais co-organizou e leccionou vários cursos de verão. Co-organizou, também, os seminários Estética e Política entre as Artes, cuja última edição teve lugar na Culturgest, em 2014. Desde 2008, publicou vários ensaios sobre literatura e, a convite de Ângelo de Sousa, Alberto Carneiro, Francisca Couceiro da Costa, Maria João Pacheco, Carolina Silva ou Joana Rêgo, prefaciou os catálogos de algumas exposições. Teve uma breve experiência docente na Universidade Lusófona do Porto, entre 2009 e 2011.

Catarina Rosendo (Lisboa, 1972)

Historiadora da arte. Trabalha no âmbito da arte contemporânea, através de projectos curatoriais, edições, inventariação e organização de arquivos artísticos, cinema documental, participação em júris e em comissões consultivas, realização de conferências, entre outros. Doutorada em História da Arte – Teoria da Arte em 2015 pela Universidade NOVA de Lisboa, mediante bolsa de doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Investigadora do IHA – Instituto de História da Arte, Universidade NOVA de Lisboa. Professora Auxiliar Convidada na Universidade de Coimbra, desde 2018. Colaboradora, entre 2014-2017, da Fundação de Serralves (Porto) em projectos de investigação curatorial para a Colecção do Museu de Arte Contemporânea de Serralves. Integrou, entre 1995-2006, o Serviço de Exposições da Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea (Almada), onde desenvolveu projectos de investigação e colaborou e/ou foi responsável pela coordenação de exposições e respectivos catálogos. Co-autora do filme documentário sobre o escultor Alberto Carneiro, “Dificilmente o que habita perto da origem abandona o lugar” (2008, produção Laranja Azul). Autora de livros e catálogos de exposição e de ensaios para catálogos de exposição, actas de congressos e imprensa. Prémio José de Figueiredo [ex-aequo], atribuído pela Academia Nacional de Belas Artes, 2008, ao livro “Alberto Carneiro, os primeiros anos, 1963-1975” (2007). Membro da Associação Portuguesa dos Historiadores da Arte, da Associação Internacional de Críticos de Arte Portugal e da International Association of the Word and Image Studies.

Raimundo Gomes (1981-2018). Licenciado em Arquitectura na Universidade Lusíada - Porto, completou o Mestrado em Filosofia / Estética na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas - Universidade Nova de Lisboa, com a dissertação "O corpo na arquitectura" e sob orientação de Maria Filomena Molder (2011). Estava inscrito no Curso de doutoramento em Arquitectura na Universidade do Minho. Leccionou multimédia e teoria na Escola Superior Gallaecia, em Vila Nova da Cerveira. Paralelamente à sua actividade como arquitecto, dedicava-se ao desenho, frequentando academias na cidade de Londres.

Alberto Carneiro (Coronado, 1937 – Porto, 2017) foi um importante escultor e um dos mais premiados artistas da sua geração. Estudou Escultura na Escola Superior de Belas Artes do Porto e na Saint Martin’s School of Art (Londres), depois de ter trabalhado durante onze anos nas oficinas de santeiro do Coronado. O seu trabalho foi de grande relevância na actualização da escultura portuguesa e na sua emancipação da estatuária ilustrativa cara ao gosto oficial do regime totalitário português (1926-1974) em direcção aos vários questionamentos conceptuais, performativos e experimentais que caracterizam a arte internacional dos anos 1960 em diante. A escultura, a instalação, a fotografia e o desenho foram os meios usados para explorar um universo temático e visual assente na relação do corpo com os elementos naturais, resultando numa obra fortemente autoral caracterizada por uma indagação filosófica sobre a paisagem, a natureza e os modos de relação dos humanos com o mundo. O seu percurso pedagógico influenciou várias gerações de artistas e arquitetos. Lecionou no Curso de Escultura da ESBAP (1971-1976), no Curso de Arquitetura da FAUP (1970-1999) e foi responsável pela orientação pedagógica e artística do Círculo de Artes Plásticas, Organismo Autónomo da Universidade de Coimbra (1972-1985). Entre as distinções que lhe foram atribuídas incluem-se o Prémio Nacional de Escultura (1968), o Prémio Nacional de Artes Plásticas (1985) e as Comendas de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (1994). Criou o Museu Internacional de Escultura Contemporânea em Santo Tirso e o Parque Internacional de Escultura Contemporânea na Vila de Carrazeda de Ansiães (2002-2009). Das suas exposições retrospetivas destacam-se: Centro de Arte Contemporânea de Bragança (2012); Fundação Beulas, Huesca (2006); Museu de Arte Contemporânea do Funchal (2003); Centro Galego de Arte Contemporânea, Santiago de Compostela (2001); Fundação de Serralves, Porto (1991); Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa (1991); CAC do Museu Soares dos Reis, Porto (1976). Representou Portugal nas Bienais de Paris (1969), de Veneza (1976) e de São Paulo (1977). Realizou esculturas públicas em Portugal, Eslovénia, Inglaterra, Irlanda, Coreia do Sul, Equador, Ilha Formosa (Taiwan), Andorra, Espanha e Chile. As suas obras integram importantes coleções públicas nacionais tais como: Fundação de Serralves; Fundação Calouste Gulbenkian; MNAC – Museu do Chiado; Coleção Berardo; Caixa Geral de Depósitos – Fundação Culturgest; Coleção de Arte Contemporânea do Estado; e Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea. Das várias coleções no estrangeiro destacam-se: Museo Vostell Malpartida (Malpartida de Cáceres, Espanha); Centro Galego de Arte Contemporánea (Santiago de Compostela, Espanha); e Frederick R. Weisman Art Foundation (Los Angeles, EUA).

COALESCER
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